Bem-estar subjetivo e saúde mental em praticantes de esportes físicos coletivos
Lívia Elena Cunha Laura
Maria Celina Ferreira Goedert
Ana Karla Silva Soares
A prática de esportes físicos é historicamente reconhecida por seus benefícios a quem pratica, comumente associados a aquisição de bom condicionamento e saúde física, sendo amplamente conhecida pela população tanto como forma de competição no meio profissional quanto de lazer em práticas descontraídas. No entanto, os resultados obtidos por meio de uma rotina de prática esportiva não envolvem apenas as atividades praticadas a nível individual. Quando o esporte é praticado coletivamente, identifica-se um ambiente propício para desenvolver relações sociais e interações compartilhadas voltadas para um mesmo objetivo. Neste sentido, a literatura aponta para a compreensão do fenômeno esportivo enquanto formação do sujeito social, já consolidado na área da Psicologia do Esporte, demonstrando que sua prática pode ser aliada a aprendizados mais subjetivos de convivência e comunicação interpessoal. Diante destes aspectos, o presente estudo tem por objetivo geral avaliar a em que medida e direção os aspectos psicológicos de bem-estar subjetivo, conexão social, depressão, ansiedade e estresse se relacionam no contexto esportivo. Para tanto, contou-se com 597 respondentes, brasileiros, praticantes de esportes coletivos (vôlei, basquete, futebol e handebol), sendo a média de idade 23 anos (variando entre 18 e 57 anos, DP = 4,6), a maioria do sexo masculino (62,6%) e que considera o esporte uma prática com grande importância em sua vida (76%). Estes responderam a Escala de Afetos Positivos e Negativos (EAPN), Escala de Satisfação com a Vida (ESV), Escala de Conexão Social (ECS), Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS), e questões sociodemográficas. Os resultados das análises de correlação r de Pearson identificaram que a conexão social se correlacionara positivamente com os afetos positivos (r = 0,49) e satisfação com a vida (r = 0,40), e negativamente com afetos negativos (r = -0,57), depressão (r = -0,53), ansiedade (r = -0,38) e estresse (r = -0,42). Ademais, os participantes obtiveram uma pontuação acima da mediana empírica da escala de resposta (1 a 5) em conexão social (M = 4,4; DP = 1,28), sugerindo uma autopercepção de conexão com ao seu meio social. A partir de tais resultados, é possível estimar que praticantes de esporte físico que se sentem conectados com as pessoas ao seu redor tendem apresentar indicadores positivos de bem-estar subjetivo e negativos de aspectos psicológicos prejudiciais à saúde mental. Tal evidência auxilia a compreender, cientificamente, de que forma a Psicologia está relacionada com o esporte, somando para a difusão de formas de utilizar tal prática como promoção de saúde nos mais diversos públicos e contextos, principalmente em intervenções com grupos.
Palavras-chave: Esporte; Conexão Social; Saúde Psicológica
Sessão Coordenada: Construindo laços: O papel das interações sociais em diferentes contextos