Adaptação e validação da escala FAMSI e autocompaixão em familiares cuidadores de pessoas com demência
Marina Noto Faria
Introdução: O aumento da longevidade da população brasileira eleva a incidência de doenças crônicas como as demências, aumentando as demandas de cuidado e impactando a saúde dos cuidadores familiares, especialmente em relação ao estigma. A autocompaixão pode amenizar esses efeitos, pois envolve sensibilidade ao próprio sofrimento e o compromisso de aliviá-lo. No entanto, há poucos estudos sobre instrumentos de avaliação do estigma nesses cuidadores. Objetivo: Traduzir, adaptar e validar o FAMSI para o Brasil e identificar intervenções que promovam autocompaixão em familiares cuidadores de pessoas com demência. Método: Foram conduzidos três estudos: (1) validação da escala FAMSI (2) Validação de conteúdo da escala FAMSI e (3) revisão de escopo. O primeiro e segundo estudo teve a participação de cuidadores familiares de pessoas com demência, de ambos os sexos, maiores de 18 anos. O processo envolveu tradução, comitê de especialistas, pré-teste e análise psicométrica do instrumento, utilizando os softwares Factor e Jamovi. No Terceiro estudo, a revisão foi desenvolvida a partir de oito bases de dados pesquisadas e dos descritores: dementia, self-compassion, empathy, compassion, family, caregivers. O processo de seleção dos estudos foi conduzido por três revisores independentes, com auxílio do software Rayyan. Resultados: (1) A escala adaptada foi aplicada em 130 cuidadores familiares de pessoas com demência. A análise revelou três fatores: “estigma por afiliação” (α = 0, 82; CR = 0,90), “estigma por associação”(α = 0, 88; CR = 0,89) e “aspectos positivos do cuidado”(α = 0, 56; CR = 0,89). (2) Oito itens (4, 5, 6, 7, 10, 11, 13 e 22) tiveram IVC abaixo do recomendado no comitê e foram modificados. No pré-teste, houve divergências na compreensão das questões. O item 4 foi excluído por dificuldade de compreensão e ambiguidade, enquanto os itens 5, 7, 11, 13 e 22 foram adaptados. (3) Na revisão foram identificados 280 artigos. As intervenções estudadas incluíram yoga, mindfulness, Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), terapia baseada em autocompaixão e mentalização. Entretanto, três dos estudos revisados apontam aumento da autocompaixão (ACT, yoga e meditação compassiva). Conclusão: O FAMSI mostrou-se uma ferramenta promissora para avaliar o estigma em cuidadores de pessoas com demência. (3) Na literatura disponível aponta para o potencial efeito de algumas intervenções na autocompaixão entre cuidadores de pessoas com demência.
Palavras-chave: demência, família, cuidador familiar, estigma, estudo de validação, compaixão.
Como citar:
Marina, N. F. (2025) Adaptação e validação da escala FAMSI e autocompaixão em familiares cuidadores de pessoas com demência. (dissertação de mestrado). Mestrado em Ciências, Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Enfermagem, São Paulo, Brasil.
Disponível na íntegra: https://repositorio.unifesp.br/items/721f370c-462b-422f-8c30-30e5711db78a